ATA DA DÉCIMA
NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA
LEGISLATURA, EM 09.04.1987.
Aos nove dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Nona Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Décima Oitava Sessão Ordinária, que deixou de ser votada em face da inexistência de “quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Aranha Filho, 01 Pedido de Informações, acerca da obra da abertura dos sessenta metros da Rua Poty Medeiros que está embargada judicialmente; pelo Ver. Hermes Dutra, 04 Projetos de Lei do Legislativo nºs 18/87 (proc. nº 797/87), que denomina Rua Eugênio Rubbo uma via pública; 16/86 (proc. nº 795/87), que denomina Rua Bernardino Bernardi uma via pública; 15/87 (proc. nº 787/87), que denomina Avenida das Indústrias uma via pública; 17/87 (proc. nº 796/87), que denomina Rua Bartolomeu Bernardi uma via pública. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 957/87, do Gabinete do Ministro da Justiça; 91/87, do Sr. Comandante da Brigada Militar; 96/87, do Sr. 1º Secretário da Assembléia Legislativa do Estado; 01/87, da Câmara Municipal de São Vicente do Sul, RS; 02/87, da Câmara Municipal de Alegrete, RS; 04/87, da Câmara Municipal de Vacaria, RS; 10/87, da Câmara Municipal de Três Passos, RS; 12/87, da Câmara Municipal de Canela, RS; 13/87, da Câmara Municipal de Belém, PA; 18/87, da Câmara Municipal de Jaguari, RS; 35/87, da Câmara Municipal de São Lourenço do Sul, RS; 51/87, da Câmara Municipal de Canoas, RS; 62/87, da Câmara Municipal de Capão do Leão, RS; 76/87, da Câmara Municipal de Aracaju; 126/87, da Câmara Municipal de São Luis, MA; 159/87, da Câmara Municipal de Vila Rica, MT; 189/87, da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; s/nºs, da Câmara Municipal de Passo Fundo; da Câmara Municipal de Ronda Alta. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Clóvis Brum discorreu sobre a apresentação, na Casa, de projetos mal elaborados, destacando os prejuízos que eles acarretam para o andamentos dos trabalhos e analisando projeto de autoria do Ver. Pedro Ruas, em tramitação neste Legislativo, de criação do transporte aquaviário no Município. Solicitou do Ver. Pedro Ruas que indique os nomes dos Vereadores que estariam exercendo “loby” na Casa, conforme declarações que aquele Vereador fez anteriormente. A seguir, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Hermes Dutra, Werner Becker, Isaac Ainhorn, Aranha Filho e Clóvis Brum, acerca do procedimento a ser adotado pela Casa no que se refere a acusações de exercício da prática do “loby” que vem sofrendo Parlamentares deste Legislativo; do Ver. Hermes Dutra, acerca do processo que recebeu ontem, para indicação de Vereadores de sua Bancada a fim de compor uma Comissão Externa para tratar de assuntos relacionados aos menores que se encontram na Febem. Ainda, o Ver. Werner Becker formulou Requerimento oral solicitando que seja ouvida a Auditoria da Casa acerca do procedimento legal a ser tomado no caso de acusações, de parte dos Vereadores Pedro Ruas e Antonio Hohlfeldt, de que alguns Parlamentares estariam envolvidos na prática de “loby” na Casa. Após, o Sr. Presidente comunicou que seria encaminhada para a Auditoria da Casa toda a documentação existente no que se refere às acusações dos Vereadores Pedro Ruas e Antonio Hohlfeldt, acerca da ocorrência da prática de “loby” neste Legislativo. Ainda em COMUNICAÇÕES, a Ver.ª Gladis Mantelli comentou denúncias feitas, pelos Vereadores Pedro Ruas e Antonio Hohlfeldt, de prática de “loby” nesta Casa. Disse ter participado, domingo passado, juntamento com o pessoal da Vila Chácara do Banco e mais a Associação Comunitária da Vila Mariana, de reunião em que foram discutidos problemas daquelas áreas, discorrendo sobre os mesmos, em especial no que se refere ao transporte coletivo e à segurança pública daqueles locais. O Ver. Getúlio Brizolla falou sobre a crise do funcionalismo público estadual, criticando a atuação do Governador Pedro Simon na questão. Congratulou-se com o trabalho que vem realizando o Prefeito Alceu Collares à frente do Executivo Municipal. O Ver. Hermes Dutra comentou “A Pedido” publicado no jornal Zero Hora, onde é declarado que a mudança do nome da Rua Ari Tarragô para Rua Ver. Valneri Antunes era a vontade da maioria da comunidade local, salientando a inveracidade desta declaração. Comentou incidente ocorrido, ontem, quando suicidou-se um rapaz nas proximidades da Usina do Gasômetro, analisando o assunto. Salientou a importância de um órgão, na Casa, de serviço especial para o atendimento de pessoas que apresentem problemas mentais ou necessitem de assistência social. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Cleom Guatimozim criticou a atuação do Governador Pedro Simon no que se refere à grave crise em que se encontra o funcionalismo estadual, solidarizando-se com o movimento que está sendo realizado por esta classe funcional e discorrendo a respeito. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Frederico Barbosa reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Getúlio Brizolla, em que é elogiado o trabalho do Prefeito Municipal, criticando a atuação do Prefeito Alceu Collares, pelos problemas que hoje enfrenta a comunidade porto-alegrense e analisando a atuação de S.Exa. frente ao Executivo Municipal. O Ver. Kenny Braga reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Frederico Barbosa, acerca da administração do Prefeito Alceu Collares, esclarecendo que S.Exa. têm procurado viabilizar projetos, anteriormente já existentes, tais como o do Porto Seco e do Rio Guaíba. Leu notícia veiculada no jornal Zero Hora onde se denuncia um possível golpe militar no País, solicitando averiguações por parte das autoridades competentes para elucidação da questão. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Clóvis Brum analisou críticas feitas pelo Sr. Leonel Brizolla ao Governador Pedro Simon. Disse não acreditar que o País se encontre enfrentando o perigo de um novo golpe militar mas destacou sua descrença na atuação do Gen. Otávio Medeiros, das Forças Armadas brasileiras. Lamentou posicionamentos que vêm sendo tomados pelo Presidente da Federasul no que se refere à Soberania Nacional. A seguir, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Kenny Braga e Werner Becker, acerca da existência ou não de “quorum” para a continuidade dos trabalhos da presente Sessão. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e quarenta e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para as Reuniões das Comissões Permanentes, a seguir, e para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Teresinha Chaise, Gladis Mantelli e Frederico Barbosa, e secretariados pelos Vereadores Frederico Barbosa e Jorge Goularte, o último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.
A SRA. PRESIDENTE: Havendo número legal,
declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.
A Ata da Sessão anterior e o ementário do Expediente estão distribuídos
em avulsos.
Em votação a Ata. (Pausa.) Não há “quorum” para a votação da mesma.
O Sr. 2º Secretário dará conhecimento ao Plenário das proposições
encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.
O SR. 2º SECRETÁRIO: À Mesa foram encaminhadas
proposições pelos Srs. Aranha Filho (1) e Hermes Dutra (4).
É só, Sra. Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: Passamos ao período de
Está com a palavra o Ver. Clóvis Brum, por transposição de tempo com o
Ver. Hermes Dutra.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, traz-me à tribuna o perigo da proliferação, nesta Casa, de projetos
mal-elaborados, mal-intencionados, projetos que querem, a todo o preço e a todo
o custo, provar a incompetência e o despreparo de seus autores, porque há um
limite para o despreparo do legislador, notadamente quando este homem não passa
pelos bancos de uma Universidade. Mas, quando este homem vai aos bancos da
Universidade e, principalmente, de uma Faculdade de Direito, ele tem que saber
as coisas mais elementares no campo do Direito público. Não saber que a
permissão do transporte aquaviário, coletivo ou de cargas, é de exclusiva
competência da SUNAMAM! Um advogado não saber! Qualquer homem da estiva do cais
do porto sabe disso. Agora, um advogado não saber é um absurdo! Será que este
mesmo advogado que anda atropelando as leis não leu aí um telex, uma portaria
do Ministro Funaro? É claro que ele leu a portaria, porque foi enviada a
portaria - a cópia da portaria - pelo Prefeito Alceu de Deus Collares, desta
Capital, cópia da portaria enviada por telex, do Ministro ao Prefeito e do
Prefeito a esta Casa, que dizia, com clareza, que a tarifa do transporte
coletivo é de competência do órgão permissionário. Se a SUNAMAM dá a permissão
ao transporte aquaviário, em conseqüência, é da competência da SUNAMAM o
estabelecimento da tarifa, quer do transporte coletivo, quer da prestação de
mão-de-obra dos trabalhadores do cais do porto, que é da prestação do serviço
de transporte da Marinha Mercante. Isto é elementar.
O outro dado importante: é da competência exclusiva da Capitania dos
Portos a tarefa da fiscalização de todas as embarcações aquaviárias. Ora, Sra.
Presidente e Srs. Vereadores, a apresentação de um projeto da lavra do Ver.
Pedro Ruas, mal-elaborado, equivocado, dá a entender que o Vereador está
preocupado, tão-somente, em provar, e de maneira pública, que é um homem
incompetente para as atividades legislativas. Até esta data, até hoje - e
quando eu falava em estivadores, quero registrar, nesta tarde, a presença do Presidente
do Sindicato dos Estivadores de Porto Alegre, que se encontra presente -, até o
Sydney, Presidente do Sindicato da Estiva, sabe que a permissão para andar com
lancha n’água, com caíque, com canoa, com navio, com qualquer tipo de
embarcação é da competência da SUNAMAM. Isto é elementar. Acho que o Ver. Pedro
Ruas, antes de elaborar projetos, deveria ser melhor assessorado, porque,
quando se perde, no meio do debate, do Projeto, ele começa a cometer desatinos.
Outro dado que quero trazer: até o primeiro momento, eu não havia
falado sobre este assunto nesta Casa e nem fora desta Casa. A bem da verdade,
para restaurar a dignidade do que nós chamamos liberdade, eu não havia falado.
É o primeiro dia que ocupo a tribuna para falar sobre o Projeto do Ver. Pedro
Ruas. Este Projeto é equivocado e errado. Pois muito bem. Presente eu, aqui na
Casa, ouvi a primeira manifestação sobre o projeto, manifestação do Ver. Isaac
Ainhorn, que não abordava o projeto numa manifestação a favor ou contra.
Questionava, exatamente, estes aspectos. Será ou não da competência do
Município esta legislação? Será que esta Casa tem competência para legislar em
cima do porto, em cima do rio, em cima de uma embarcação aquaviária? Essas
colocações estavam sendo feitas, pela primeira vez, pelo Ver. Isaac Ainhorn
nesta Casa. E num aparte manifestei-me dizendo que entendia que a permissão,
pela própria portaria do Ministro e pela competência da SUNAMAM, era privativa
da SUNAMAM. E disse mais: que a tarifa poderia ser calculada pelo DAER, mas me
equivoquei. A tarifa é calculada também pela SUNAMAM. Aliás, quero dizer que,
hoje, os trabalhadores do cais do porto de Porto Alegre têm uma mão-de-obra
cara, e eles reconhecem, e não é culpa deles. A SUNAMAM atribuiu à estiva de
Porto Alegre uma mão-de-obra cara para prejudicar a estiva de Porto Alegre - a
SUNAMAM lá, em Brasília. Então, isso é tarefa da SUNAMAM. Agora, eu não estava
contra este Projeto, nem estou contra. Não estou contra porque estou defendendo
a travessia aquaviária de Guaíba a Porto Alegre. Só não apresentei o Projeto
porque eu sou competente. Pelo menos entendo que eu seja um pouco competente.
Agora, como vou fazer projeto para legislar sobre o rio Guaíba? Isso é
brincadeira.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, duas questões. Eu, no curto período que
estou nesta Casa desempenhando o mandato popular, tenho tido o cuidado, a
diligência de, no exercício de meu mandato, de, nos períodos de discussão de
Pauta, antes recebendo o avulso, estudar os projetos - aliás, não faço mais
nada do que a obrigação, não é, Vereador? Estudo o projeto e, quando tenho
dúvidas, dirijo-me na discussão, questiono algumas questões do próprio autor e
de outros colegas. Isso aqui é uma Casa de debates. E naquele dia, na
sexta-feira, comecei afirmando que o Projeto de implantação de transporte
fluvial, numa cidade que é toda banhada por um rio, tem méritos inegáveis, mas
fazia alguns questionamentos. Um deles, com relação à competência da SMT de
estabelecer as rotas. Em segundo lugar, com relação ao estabelecimento da
tarifa. Inclusive, indagava do Ver. Werner Becker se essa tarifa também deveria
passar pela Câmara, segundo a Lei Werner Becker. Por esta razão, questionei-me,
e V.Exa. e o Ver. Mano José também me apartearam, até porque hoje eu
desempenho, nesta Casa, a Presidência da CUTHAB, que tem muito a ver com o
tema, razão pela qual me detive nesse assunto. Muito obrigado.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Clóvis Brum, estou, realmente, estarrecido com
as afirmações que V.Exa. está fazendo e confesso que não eram do meu
conhecimento. Eu tinha simpatia pelo Projeto, pois ninguém pode ser contra que
se use o rio. Afinal, o grande problema da Cidade é, exatamente, não utilizar o
rio. Veja bem V.Exa.: ontem, um jornal de grande responsabilidade e de grande
idoneidade na Cidade - como aquela história: se o mundo desaba e o “Correio”
não publica, muita gente não acredita, porque ele tem credibilidade - afirmou
denúncia de um companheiro desta Casa de que havia Vereadores que estavam a
serviço dos empresários dos transportes coletivos. Agora, eu pergunto a V.Exa.:
V.Exa. levanta esses pontos, corretíssimos: sai na imprensa, amanhã, que V.Exa.
levantou isso. O que vão pensar, Vereador? Acho que V.Exa. está tendo prejuízo
no exercício da sua função em buscar formas corretas para o bom andamento desta
Casa. Isso, até certo ponto, é bom que aconteça para que a Casa tome as
providências cabíveis e necessárias em casos como este. Muito obrigado.
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu acho que chegou o
momento de nós dizermos um basta à molecagem nesta Casa. Se fosse um homem
simples do povo, a Casa desancava com nota paga, com nota de desagravo, com
Justiça em cima dele, mas, como se trata de um Vereador desta Casa, passam-se
panos quentes. Eu não aceito as palavras levianas, irresponsáveis,
inconseqüentes e mentirosas do Ver. Pedro Ruas. Esta Casa tem que começar a se
preservar, esta Casa e os Vereadores. Se há alguém a serviço de empresários do
transporte coletivo, até pode ser o Ver. Pedro Ruas. Agora eu quero trazer mais
um dado sério ao meu pronunciamento. Sabem V.Exas. que quem tem autorização da
SUNAMAM para operar o transporte por água é, exatamente, o dono de uma empresa
de transporte coletivo desta Capital. Ora, Ver. Pedro Ruas, V.Exa. vem dizer
besteiras e defender. Acusava uma coisa e defendia, na verdade, outra. Pois é a
SOPAL. A SOPAL é quem tem a autorização da SUNAMAM. O dono da SOPAL tem
autorização da SUNAMAM para operar navios. Que lamento, lamento, Ver. Pedro
Ruas, acusar o transporte coletivo, quando, por baixo das cordas, está a
concessão da SUNAMAM em favor do dono da SOPAL. Eu quero responder agora por
que não apresentei um Projeto ou uma Indicação - como deveria ser o certo - ao
Governo Federal, pedindo a implantação da travessia aquaviária de Guaíba a
Porto Alegre. Sabem por que não apresentei? Porque eu já sabia que a SOPAL
tinha a permissão da SUNAMAM e eu não apresentei. Mas o Ver. Pedro Ruas foi
mais afoito. Teve a coragem de apresentar um Projeto. Apresentou um Projeto
equivocado. O Ver. Paulo Satte, que trabalha neste assunto há muitos anos, fez
o certo. Fez Indicações pedindo a implantação do transporte aquaviário. É o
correto.
O Sr. Cleom Guatimozim: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O detentor da ordem da SUNAMAM, a que V.Exa. se
referiu, está construindo as barcas em São Jerônimo. São cinco barcas e elas
estão sendo construídas num grande estaleiro. Quem detém o monopólio deste
transporte são os transportadores.
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu quero dizer mais alguma
coisa para finalizar: eu, em momento algum, ocuparia esta tribuna para dizer
que o Ver. Pedro Ruas está a serviço dos estaleiros e dos milionários
financiamentos que estes estaleiros conseguem na SUNAMAM. Isto eu não diria
nunca. Nunca, porque eu sei que o Ver. Pedro Ruas seria incapaz de fazer uma
coisa destas. Não podemos mais permitir que coisas levianas ocupem espaços de
jornais, coisas infundadas, na tentativa de ser notícia. Vamos ser notícia trabalhando,
falando a verdade, falando cara a cara, abordando. E continua aqui a esperança
de que o Ver. Pedro Ruas cite o nome dos Vereadores envolvidos em “lobby”. A
Bancada do PDT já lhe deu cinco dias. Eu até acompanho a Bancada do PDT. Eu
espero que em cinco dias o Ver. Pedro Ruas ou se desdiga do que disse de
maneira pública ou dê o nome dos Vereadores envolvidos em “lobby”. É obrigação
do Vereador apontar o nome dos Vereadores envolvidos em “lobby”.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. HERMES DUTRA (Questão
de Ordem):
Sra. Presidente, eu recebi, ontem, um processo para indicar a representação da
minha Bancada para uma Comissão Externa relacionada aos menores da FEBEM. O
Requerimento é do Ver. Ennio Terra, que solicita seja reativada a Comissão
Externa relacionada aos menores da FEBEM.
Reclamei à pessoa que me encaminhou que havia uma confusão porque, em
sendo uma Comissão Externa, quem, de plano, faz a indicação, conforme o
Regimento, é o Presidente. Mas, em uma deferência especial, podem ser
consultadas as Lideranças. Entretanto, folheio o Processo e vejo que ele vem à
tona em função de Requerimento da nobre Vera. Teresinha Irigaray, que diz o
seguinte: “Solicito que seja reativada a Comissão Externa da Câmara Municipal
que estuda o problema do menor carente em Porto Alegre”. Então, são questões
completamente diferentes. É uma Comissão Especial da Casa. Comissão Externa não
estuda problema a não ser, segundo o Regimento, para um ato eventual e rápido
de representação. Se for para estudar, terá que ser Comissão Especial. Afirmei
à pessoa que me entregou tudo isso, porém, hoje, voltou o Processo insistindo
em que eu agüentasse com a nomeação da Comissão, quando feita pelo Ver. André
Forster. Acho que há um engano de quem de direito trata deste assunto.
Sra. Presidente, tenho uma nova Questão de Ordem a fazer. Quero dizer
que ontem requeri à Mesa que, em nome de minha dignidade pessoal, em função de
uma notícia que saiu no jornal ontem, fizesse uma interpelação, alegando que
Vereadores desta Casa estavam fazendo “lobby”, a serviço de “a”, “b” ou de “c”.
A pergunta é se a Mesa já providenciou neste assunto.
A SRA. PRESIDENTE: Vereador, o Sr. Presidente
viajou e não posso informar se o assunto já foi tratado com outros membros da
Mesa. Pelo menos comigo não o fez.
O SR. HERMES DUTRA: Então, requeiro novamente e
peço que V.Exa. consulte o Requerimento que está nos Anais de ontem e que a
taquigrafia anotou.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Ainda dentro do mesmo assunto, pois parece que o costume está pegando aqui
dentro desta Casa, vou ler um aparte do Ver. Luiz Braz para as devidas
providências, que não sei se o Plenário ou a Mesa quer ou não tomar. (Lê.)
“V.Exa. permite um aparte? ‘(Dirigido a mim.)’ Eu estava presente neste
mesmo jantar em que o Ver. Antonio Hohlfeldt fez referência ao seu
Substitutivo. Naquela oportunidade, o Ver. Antonio Hohlfeldt disse que já
existiam na Casa 23 votos favoráveis ao Substitutivo e fazia uma acusação aos
Vereadores, o que, realmente, fere a instituição. Ele chamava os Vereadores da
Casa que votavam a favor do Substitutivo de corruptos. Na mesma oportunidade,
eu fazia uma intervenção, dizendo que não podia aceitar a instituição Câmara
Municipal esta afirmação...”
Li o aparte para as providências que o Plenário e a Mesa entenderem
necessárias.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Ouvido o Plenário, pela gravidade da denúncia trazida ao conhecimento da Casa
agora, de maneira especial pelo Ver. Luiz Braz, lida agora pelo Ver. Werner
Becker, solicito que a Mesa interpele os Vereadores Antonio Hohlfeldt e Pedro
Ruas para declinarem o nome dos envolvidos nestes fatos sob pena de pedirmos a
perda de mandato por falta de decoro parlamentar.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa tomará as
providências. Somente aguardará o retorno do Sr. Presidente, já que está
viajando. Mesmo assim, o Plenário terá de ser ouvido.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente, apresentei
um Requerimento para que se submeta, hoje, à apreciação do Plenário.
A SRA. PRESIDENTE: Sim, desculpe.
O SR. CLÓVIS BRUM: Pela gravidade do assunto,
peço providências à Mesa, já que envolve o Poder Legislativo. Pela gravidade do
assunto, esta Casa não pode ficar, aos olhos da opinião pública, dessa forma e
à mercê de acusações que até podem ter fundamentos, segundo seus autores.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Quis apenas colaborar com a
Mesa. Não tentei puxar-lhe as orelhas ao dizer “ouvido o Plenário”. Minha
intenção foi a de colaborar com V.Exa.
A SRA. PRESIDENTE: É que havia entendido que o
Plenário seria ouvido posteriormente. O entendimento foi equivocado. Acho que
V.Exa. fez muito bem em chamar a atenção.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Vou fazer uma proposição-sugestão: acho que o fato é tão grave, que não devemos
tomar nenhuma medida açodada hoje. Então, sugiro à Presidência que envie os
pronunciamentos à Auditoria da Casa para que esta opine sobre qual o melhor
procedimento. Após, tomaríamos, de cabeça fria, ajuizadamente, sem as
leviandades que os momentos oferecem e proporcionam, uma atitude fria, mas
enérgica. Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTE: Teremos de consultar o Ver.
Clóvis Brum porque a proposição é de sua autoria.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Mantenho o Requerimento, Sra. Presidente, propondo que, antes de colocá-lo em
votação, façamos uma reunião especial da Câmara para tratar somente desse
assunto. Uma reunião das Lideranças com a Mesa, inicialmente, sem ouvir a
Auditoria.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Meu Requerimento é em sentido contrário. Com todo respeito ao Ver. Clóvis Brum,
vamos, em primeiro lugar, ouvir a Auditoria.
O SR. CLÓVIS BRUM: Até concordo com a ouvida
da Auditoria.
A SRA. PRESIDENTE: A proposição do Ver. Werner
Becker é de que hoje a Mesa encaminhe todas as comunicações, todos os
documentos à Auditoria. Esta emitiria um parecer e nós reuniríamos, então, as
Lideranças, dentro da sua proposição, com a Mesa. E, à luz das informações, da
sugestão oferecida pela Auditoria, tomaríamos uma deliberação que seria
referendada pelo Plenário ou não.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Pediria que a Auditoria examinasse as implicações dos pronunciamentos e as
sugestões.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Transferiria, então, o meu Requerimento para após a reunião com as Lideranças e
a Mesa, ouvida a Auditoria da Casa.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Apelo, com relação ao assunto do Ver. Pedro Ruas, que devemos agir com muita
cautela e muita prudência no encaminhamento. Vou justificar, dizendo que o
Requerimento não foi colocado em votação. A questão é que o jornal informa, no
dia de hoje, que ele ratificou todas as declarações que deu no dia de ontem.
Ratificou textualmente, inclusive as vírgulas, segundo o jornal Correio do Povo. Por esta razão, entendo que ele deve ter o prazo necessário
para apontar. Eventualmente, pode ser um lapso. Então, como votar qualquer
requerimento que não tenha o prazo para que o Vereador explicite a denúncia?
Como bem se colocou, todo o mundo tem o direito de não ter os elementos para
efetuar a denúncia conclusiva, mas tem o direito de se retratar também. O
direito de retratação é o direito assegurado de dizer que não chegou a uma
conclusão. Por isso, devemos aguardar. O Ver. Clóvis Brum teve a mesma cautela
da Bancada do PDT, que, por unanimidade, decidiu esperar um pronunciamento do
Vereador para que indicasse as pessoas ligadas a esse “lobby”, a essa situação.
Por essa razão, sustento a tese defendida de se dar um prazo.
A SRA. PRESIDENTE: Já existe um consenso entre
os Vereadores. Não temos “quorum” para deliberar. Não temos 17 Vereadores no Plenário.
Mas encaminharemos a documentação à Auditoria, hoje, e solicitaremos da mesma
todas as verificações a respeito de como isso atinge a Casa, as implicações e
as sugestões, e, posteriormente, no momento em que tivermos este material, e aí
acredito que já tenha corrido o prazo que a própria Bancada do PDT deu ao Ver.
Pedro Ruas, nós teremos condições de fazer essa reunião com as Lideranças para
uma provável deliberação.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Sra. Presidente, é que, num fato de tal gravidade, evidentemente que a Mesa da
Câmara de Vereadores, que é a condutora
e administradora política da Casa, vai ter que se posicionar, possivelmente,
através de um esclarecimento à população para explicitar esses fatos que estão
ocorrendo. É apenas uma sugestão a V.Exa.
A SRA. PRESIDENTE: Agradeço a sugestão de
V.Exa.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Nobre Presidente, apenas para colaborar, na tarde de ontem, o Ver. Ignácio
Neis, numa Questão de Ordem, solicitou que a Mesa tomasse providências,
solicitando cópias de uma gravação do programa “Guaíba Revista” do dia de
ontem, onde o Ver. Pedro Ruas se manifestava a respeito. Então, é só para
lembrar que é interessante ter esse dado.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
É, exatamente, para lembrar a juntada não só desses documentos, mas, como já
requerido pela Liderança do PFL, a fim de que sejam examinados todos esses
documentos e instruídos a manifestação da Casa sobre o assunto.
A SRA. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Frederico
Barbosa que assuma a Presidência dos trabalhos para que esta Vereadora possa
fazer uso da tribuna.
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa):
Está com a palavra a Vera. Gladis Mantelli em Comunicações.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, sei que o assunto que tem movimentado a Casa diz respeito,
exatamente, às questões que têm ocorrido desde ontem, ou talvez de um pouco
antes, já que foram trazidas a esta tribuna pelo Ver. Werner Becker, de um
aparte do Ver. Luiz Braz. Porém, eu não gostaria de me deter neste assunto,
neste momento, até porque me sinto implicada, como membro da Mesa, para
discorrer sobre ele.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Eu não denunciei nada. Quem denunciou foi o Ver.
Luiz Braz. Eu só me limitei a dar um aparte.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Inclusive, a informação que
eu tenho sobre esse jantar é de que haveria um terceiro Vereador, que eu não
estou lembrando quem era. Não eram só o Ver. Antonio Hohlfeldt e o Ver. Luiz
Braz que lá estavam. Mas me parece que a pessoa que teria falado na questão de
corrupção não teria sido o Ver. Antonio Hohlfeldt. Mas acho que para isso já
constituímos uma Comissão. Vamos encaminhar a documentação à Auditoria. Não
quero me deter neste assunto neste momento. Este assunto eu gostaria de
discuti-lo em uma outra oportunidade.
Gostaria de discutir um assunto, já que estive, neste domingo, junto a
uma reunião com uma associação comunitária desta Cidade, com o pessoal da Vila
Chácara do Banco e mais a Associação Comunitária da Vila Mariana. Acho
interessante que os companheiros que lá não estiveram tomem conhecimento de uma
série de discussões, de proposições que lá foram discutidas. Evidentemente que
alguns assuntos diziam respeito a alguns problemas menores das vilas, menores
para nós, talvez, mas grande para eles, que era a questão da sua creche, da sua
escola, problemas mais internos. Também discutiram dois problemas que eu acho
importantes, e gostaria de contar com o apoio dos meus outros colegas nesta
Casa para que nós pudéssemos tratar do assunto com a seriedade que ele merece.
O primeiro problema tratado e discutido foi o do transporte. Aquela questão que
vem se levantando, há horas, do não-cumprimento dos horários das empresas de
transportes por não atender as comunidades nos horários estabelecidos. Então, o
problema, principalmente nessa área, na área da Grande Restinga ou do Complexo
Restinga, parece que ainda é pior do que no resto da Cidade. Parece que é
porque o acesso é grande, o trajeto é muito grande. As empresas acham que a
tarifa não é suficiente ou não é necessária e passam a descobrir seus horários.
O último ônibus para essa área está saindo do Centro às 11h da noite, sendo que
nós temos vários estudantes, rapazes, adolescentes que estudam no Centro da
Cidade porque trabalham durante o dia e porque suas aulas terminam após o
encerramento da saída do último ônibus. Isso significa ter que pegar o ônibus
Belém Novo e caminhar da faixa de Belém até o Complexo, ou até a Restinga, ou
ainda até a Chácara do Banco ou a Vila Mariana. Isso acarreta o segundo
problema tratado na Vila, que é o problema de segurança. Essas pessoas são
constantemente assaltadas. São pessoas de baixa renda. Tem acontecido que a
Brigada Militar, que lá está instalada, tem um contingente de apenas 30 homens
para atender a uma população que atinge em torno de 110 mil habitantes. Trinta
homens, sob hipótese nenhuma, poderão controlar a segurança daquela área. A
Brigada Militar foi convidada a estar presente nesta reunião. Existe, hoje, uma
Comissão destas vilas todas - Mariana, Chácara do Banco, Restinga Velha,
Restinga Nova - somando um total de sete vilas deste Complexo Restinga. Cada
uma delas tem um membro na Comissão, junto com a Brigada, para um estudo de
melhoria da segurança daquele entorno. A Brigada fez um levantamento na área,
demonstrando que, 66% da população já foi assaltada, 45% já tiveram as suas
casas arrombadas. E há uma série de outros dados, mas eu não tenho o relatório
aqui, em mãos, para oferecer e oportunizar uma discussão mais ampla. A Brigada
oferece, como alternativa, a instalação, naquele espaço, de uma companhia que
significaria um efetivo de 300 homens. Como existem brigadianos moradores na
Restinga, mais de 300 homens, estes homens não precisariam fazer serviço noutro
lugar que não fosse lá mesmo. Poderiam ficar lotados na sua própria área de
origem, sem a necessidade de um deslocamento, e poder, conseqüentemente,
prestar um melhor serviço. Para isto há necessidade de que se faça a construção
de um prédio para que a Brigada Militar possa ter uma espécie de quartel.
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Ao que consta, a Brigada já tem uma área destinada
para a construção. Sobre o aspecto do transporte, há aquela possibilidade de
uma circular indo pelo Pinheiro para atender àqueles moradores que ficam entre
uma área e outra.
A SRA. GLADIS MANTELLI: O problema todo, hoje, não
é bem a necessidade de se construir um quartel, mas há necessidade de se
construir um prédio para que se possam colocar os equipamentos, isto é, uma
série de materiais que são necessários para que a segurança, neste espaço,
realmente se verifique. Então, como existe, já, todo um esforço comunitário, no
sentido de tentar levantar fundos materiais para poderem edificar o prédio,
acho que compete a nós, também, como Vereadores desta Cidade, nos engajarmos
numa campanha desse tipo e tentarmos obter, junto ao sistema de Governo
Prefeitura/Estado, os recursos necessários para que se possa, realmente,
levantar esse prédio e oportunizar segurança nesse local. Eu já fiz contatos
tanto com o Secretário da Segurança, Dr. Valdir Walter, quanto com o Secretário
de Obras, para que pudéssemos verificar a viabilidade de poder edificar isso o
mais breve possível. O Secretário de Segurança solicitou-me que fizesse um
ofício, o qual já fiz e já encaminhei à Secretaria, para que pudéssemos, dentro
daquele procedimento de, levantadas as causas, tentar encontrar os recursos
dentro das rubricas orçamentárias da Segurança Pública e da Brigada Militar, e
também, no contato feito com o Secretário de Obras, ele colocaria todo o seu
material, todo o seu pessoal disponível para que nós pudéssemos agilizar. Mas
acho que, se os Vereadores desta Casa, e não só eu individualmente, se
empenhassem nessa ação, a mesma teria maior probabilidade de sucesso e maior
rapidez de atendimento.
O Sr. Jorge Goularte: Dentro de um sistema de
mutirão.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Exatamente. Dentro do
sistema de mutirão isto se consegue. As vilas que estão envolvidas nesse trabalho
estão dispostas e disponíveis a participar e a trabalhar nessa direção. Acho
que nós, Vereadores, devemos estar alertas para essas situações, e me parece
que a segurança de um complexo de 110 mil pessoas é algo extremamente
importante e que não podemos deixar de lado, como algo que não leva a nossa
atenção maior. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Getúlio Brizola.
O SR. GETÚLIO BRIZOLA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o que me traz, hoje, à tribuna é referente à quantidade de
telefonemas e visitas que tenho recebido em meu gabinete com relação ao
funcionário estadual, assunto que está causando um grande problema no Estado e
na nossa Capital. Pois saibam todos que isso está nos trazendo uma grande calamidade
desde a parte da Presidência da República. Hoje, atinge nosso Estado, eis que,
há 25 dias, assumiu o Governador do PMDB, Pedro Simon. Esse homem está
conseguindo fazer aquilo que mascate e turco faz: parcelar em três vezes. Eu
esperava, porque turco é acostumado a fazer isso aí, mas, como o povo não
acreditou, continua sofrendo. Se nós, Vereadores, não dermos uma olhada para
isso, em conjunto, nosso Estado ficará cada vez mais precário e nossa Capital
pior. Por enquanto, nosso Prefeito, Alceu de Deus Collares, está em dia com os
funcionários, está trabalhando dia e noite para cumprir o que disse na
campanha, ao contrário do turco Pedro Simon. Para dizer a verdade, para Alceu
Collares tive o prazer de fazer um trabalho no Parque Lavoura onde fiquei
durante três horas ao dia. Iniciava-se um trabalho que há 22 anos não se fazia.
Ontem, os moradores da Vila ficaram felizes e ainda há coisas malfeitas dos
ex-Prefeitos que conheciam o local, mas diziam que não havia como fazer um bom
trabalho como fizemos ontem, o que contribuiu para que aqueles moradores
ficassem felizes, desmentindo coisas que surgem aqui, no Plenário, provenientes
de Vereadores que não conhecem o trabalho de Alceu Collares. Eu acompanho seu
trabalho de perto e digo que Alceu Collares, ao final de seu mandato, receberá
palmas dos porto-alegrenses, que dirão que se sentem felizes em morar na
Capital do Estado. Depois de 20 anos de sujeiras, estamos trabalhando para
provar o que é o nosso Prefeito, juntamente com os Vereadores do PDT. Num momento
especial, enquanto nos criticam, trabalhamos mais. Queremos o bem do povo e da
nossa Capital. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é
este Vereador, que transpõe o seu tempo com o do Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu não quero falar sobre este assunto, mas acho que, quanto a este
problema todo de denúncia, a melhor coisa que se tem para fazer, efetivamente,
é tomar o caminho que se tomou. Ouça-se, confirme-se, não se confirme, puna-se,
não se puna, denuncie-se ou não se denuncie em função de coisas oficiais. Acho
isso muito bom. Acho que a Casa deveria ter feito isso há muito tempo, porque,
lamentavelmente, a cada votação de projeto, começam-se a ouvir alguns zumbidos
que não contribuem absolutamente em nada. Eu tenho dito e repito que cada um
nesta Casa tem o direito de votar até errado e que quem tem a ver com isso são
os seus eleitores.
Eu também quero fazer um rápido registro para insistir numa questão - e
espero que seja pela última vez - em relação aos malfadados momentos da mudança
de nome da Rua Tenente Ary Tarragô. Sou obrigado a voltar ao assunto porque há
o apedido, matéria paga, publicado na Zero
Hora, em termos ofensivos, aliás, no meu entendimento. Só quero fazer uma
correção: o apedido, matéria paga, dizia que era vontade da maioria dos
moradores da Rua Tenente Ary Tarragô. Eu quero lembrar que não é verdade. No
processo que tramitou na Casa, o maior número de assinaturas dos moradores da
rua foi contra a mudança do nome. Então, vamos ver se não discutimos mais este
assunto. Cada um deve ter suas posições, mas que não minta à opinião pública.
Lamento, mas foi uma mentira paga.
Mas o assunto que me traz a tribuna é em relação ao noticiário de hoje
sobre um cidadão que se afogou no rio Guaíba, na volta do Gasômetro, perto aqui
da Câmara, ontem, numa atitude inusitada até pela forma com que se suicidou ou
morreu afogado, nem se sabe enfim.
O jornal fala que ele teria estado na Casa, procurando o gabinete do
Ver. Artur Zanella. Nós conversávamos, eu e o Ver. Zanella, antes de início da
Sessão, e até combinamos de eu levantar o assunto para que pudéssemos
estabelecer um diálogo sobre isso, porque, realmente, a Casa tem este mal. Nós
aqui estamos sujeitos a qualquer maluco. E olha que há alguns malucos pela
Casa, há alguns malucos que trafegam por aqui, para não contar que esta Casa
está virando uma coisa. Está-se vendendo o jogo do bicho, nos corredores, ou
sandálias, ou fazendas. Estou no gabinete, alguém mete a cara e diz assim: “O
senhor quer comprar um título do clube tal?” Nós somos achacados de todas as
formas nesta Casa. Acho que isto não se justifica, mas acho que há umas
questões de que a Casa deve cuidar com mais atenção em relação a pessoas com
problema de desequilíbrio. E cito o fato deste cidadão, ontem, que veio aqui,
andou por gabinetes, terminou conseguindo um cartão de apresentação porque
estava, supostamente, com uma picada de cobra. Sai daqui, tira a roupa, vai
para o Guaíba e morre. Quem não nos dirá que amanhã entrará alguém aqui, pedirá
500 ou mil cruzados para o Vereador, e eu, por negar, poderei levar um tiro?
Então, não sei se a questão se resolveria de uma forma que o Ver. Artur Zanella
já sugeriu há mais tempo e que a Casa não aceitou na época. Mas alguma coisa
tem que ser feito! Acho que a idéia do Ver. Artur Zanella tem bastante dose de
razoabilidade - a de ter um órgão, aqui, que cuide disto, um órgão com gente
especializada, que converse com estas pessoas -, até, quem sabe, para se evitar
uma morte. Se, de repente, aquele cidadão, ontem, tivesse tido assistência de
assistentes sociais, de psicólogos, que vissem coisas que eu não vejo, porque
sou leigo, talvez se conseguisse, até, salvar uma vida.
O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Pedi a V.Exa. para lembrar este assunto porque, na
verdade, uma vez apresentei um projeto autorizando a Mesa a criar um serviço
social. Até sugeri, naquela época, que se fizesse, inicialmente, com esses
funcionários exemplares que tem o Município nesta área, que poderiam,
eventualmente, nos dar esta posição.
Hoje de manhã, aqui neste
Plenário, enquanto se desenvolvia a CPI, um Vereador também envolveu-se numa
troca de palavras com pessoas necessitadas. Nós não somos assistentes sociais.
Os nossos funcionários não foram treinados para isto. Eles não sabem onde é que
dão passagem. Vi, ontem, que aquela pessoa não estava mordida de cobra. Se
estivesse, já estaria com a mão gangrenada. Mas eu não sou médico para isto. Então,
pedi a uma colega minha que ela fizesse o encaminhamento ao Pronto Socorro,
porque é o único lugar que pode tratar de um assunto desses. Então, vou
reapresentar o projeto sugerindo a criação de um serviço social. Não é para
fazer como alguns Vereadores pensaram na época: tirar os clientes dos gabinetes
e passar para este serviço social. Muitos disseram aqui que nós estávamos
tirando a obrigação e a possibilidade dos gabinetes atenderem esses serviços.
Até, quem sabe, eleitoralmente - foi citado a época - lhe fosse prejudicial.
Quero que as pessoas continuem tendo atendimento, porém, ao ver-se que há um
problema, devemos passá-las para pessoas especializadas, e poderiam,
eventualmente, ter uma atenção melhor do a que foi dada por nós. No caso de
ontem, terminou resultando na morte desta pessoa, que, talvez, poderia ter sido
evitada. Então, vou reapresentar o Projeto e espero que tenha acolhida deste
Plenário quando da sua votação.
O SR. HERMES DUTRA: Até recomendaria, Vereador,
que V.Exa. não fizesse isso através de projeto, e sim uma narrativa ao
Presidente da Casa, até quem sabe para se evitar estas impugnações, porque
nunca vai faltar alguém que vai enxergar jabuti em cima de árvore. Quem sabe,
junto com a Presidência, junto com os membros da Mesa, se consiga viabilizar
uma solução. Eu, efetivamente, penso que isso é dramático. E vou explicar por
quê. Eu recebo todo o mundo que vem falar comigo. É hábito que tenho. Não sou
elitista, não seleciono quem fala comigo. Então, perco um tempo danado recebendo
vendedor de sapatos, vendedor de automóvel, vendedor de flores. Até agora só
não me apareceu vendedor de túmulo - até, se aparecer, compro um, porque a
gente tem que se precaver. Eu acho que, de repente, não posso estar sujeito -
eu, que atendo todo o mundo e sei que há colegas que não atendem (é um direito
que eles têm)... A gente, que atende a todos que nos procuram, tem que ter um
certo cuidado com isso para evitar problemas com a nossa própria imagem.
Veja V.Exa.: se esse maluco que morreu ontem chega ali e diz que queria
se suicidar porque V.Exa. não lhe deu a atenção devida, V.Exa. sai no Jornal
Nacional. Vem a sua imagem, porque nós vivemos da nossa imagem. Esta é a
verdade. E até explicarmos que formiguinha não é elefante vai levar um tempão.
O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Na época do outro projeto, consultei à Mesa, falei
com o Sr. Presidente, que concordou e sugeriu, até, que eu entrasse. Depois, a
maioria do seu partido, com o seu Vice-Líder, liquidaram com o Projeto. Vou
seguir o conselho de V.Exa. Vou entrar em contato com o Ver. Brochado da Rocha
porque não pretendo ser pai de projeto nenhum. O que eu quero, na verdade, é
esta solução. Veja bem: se tivesse feito o encaminhamento para um lugar diferente,
se tivesse encaminhado para a polícia e a pessoa morresse, e não para o Pronto
Socorro, se morresse num departamento policial, no mínimo, seria co-autor.
Provavelmente, agora serei até testemunha no inquérito que vai haver, apesar de
não ter assinado o encaminhamento que estava com o timbre do meu gabinete.
O SR. HERMES DUTRA: Nós, que fazemos política
na linha de frente, na vanguarda, sabemos que há alguns tipos que são naturais
e até necessários à política, como o ébrio, por exemplo. Não há comício sem que
apareça um ébrio, aquele “chato de galocha” que está sempre nas nossas costas.
E acho que isso é a quota normal, porque a nossa atividade possibilita à
pessoa, supostamente, chegar a alguém importante. O cargo de Vereador ou de
Prefeito, efetivamente, projeta nas pessoas com alguns problemas psíquicos a
idéia de realização pessoal. Pode até funcionar como uma terapia, mas tem que
haver um limite. Nós não podemos é nos sujeitar a correr esse risco que V.Exa.
correu. Fiquei preocupadíssimo quando li, hoje, pela manhã, e fiquei a imaginar
essa hipótese: já pensou se esse cidadão chega ali e tira a roupa, se péla,
chama a atenção de todo mundo, com o cartão de V.Exa., e diz: “Vou morrer
porque o Ver. Artur Zanella não me atendeu bem”? Larga o cartão, entra no rio e
morre. Isso é um fato grave e nós temos que cuidar dessas coisas. Há gente que
não dá importância para isso. Eu dou e estou fazendo isso em meu nome e em nome
de V.Exa., para que a Casa, efetivamente, tome algumas providências em relação
a esse problema.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Pois hoje eu cometi uma injustiça. Vinha entrando
aqui, no Plenário, e um cidadão me chamou: “Eu quero falar com o senhor”. Eu
disse: “Um momentinho, porque às 9 horas tenho uma Comissão de Inquérito. Daqui
a pouco falo com o senhor”. Ele me interpelou, aos brados: “Se tu não falas com
os eleitores, o que queres na eleição? Tu não tens nada para dizer para nós”?
Eu disse: “Tenho, sim”. E mandei-o a um lugar bem longe, que o Requerimento
Interno não me permite proferir. Depois, dei-me conta que o cidadão era “pirado
da cuca”. Mas, a ficar o exemplo, nós estamos expostos a ser interpelados dessa
forma por todo mundo. Um momentinho! Ninguém tem o direito de me solicitar, só
porque votou em mim, ou de me obrigar a falar! Eu falo com quem eu quero. Se a
pessoa não gostar, que não vote em mim, que faça campanha contra. Eu pediria
uma providência administrativa da Casa. Nós estamos aqui num ambiente de
coação. É gente empurrando, vendendo. Isto aqui virou uma feira. Eu estou
sentindo que, daqui a um pouco, o pessoal vem lá da Rua da Praia para se
instalar em nossos gabinetes. É só não tomarem providências. Eu, inclusive, sou
obrigado a comprar bagulho.
O SR. HERMES DUTRA: Agora, que está demais
está! Está impossível. O que vem de gente vender coisas aqui é um horror!
Espero, Ver. Frederico Barbosa, que V.Exa., como representante da Mesa, leve em
consideração este problema que eu acho grave. Realmente, nós temos que
preservar a nossa imagem. Não se trata aqui de não querer falar. Eu falo aqui
com todo mundo que me procura. É exatamente em nome desta abertura que estou
exigindo providências.
A Sra. Bernadete Vidal: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu acho, Ver. Hermes Dutra, que pior do que isto
ainda são as condições em que estamos trabalhando nesta Casa. Nós estamos
trabalhando em um ambiente de extrema sujeira não só pela falta de água, mas,
também, pela inércia, pois a falta d’água não justifica falta de papel, sabonete
de coisas mínimas para se trabalhar nesta Casa. Depois de várias reclamações em
âmbito administrativo, eu acho muito infeliz vir ao Plenário fazer esta
reclamação.
O SR. HERMES DUTRA: Eu quero dizer que fecho
com V.Exa. e tenho certeza de que a Mesa vai ser sensível, porque nós estamos
passando por alguns momentos bastantes chatos na Casa.
O SR. PRESIDENTE: Eu gostaria de dizer a
V.Exa. que recebo, realmente, o pronunciamento que traz à baila, à cena, algo
que está acontecendo. Como V.Exa. diz e como têm consciência todos os 33
Vereadores e os funcionários, alguma medida deverá ser tomada. Acho que é
extremamente importante, porque se trata da segurança. Os fatos narrados por
V.Exa. também foram sofridos por este Vereador em algum momento. Solicitaria a
V.Exa. que, estando na Presidência dos trabalhos, não para burocratizar, mas
sim para sistematizar, que encaminhasse o seu pronunciamento e solicitasse
providências da Presidência da Casa para que isto pudesse ser processado e
fossem tomadas as medidas sérias com referência a todos estes problemas citados
por V.Exa., assim como os problemas citados, também, na área administrativa,
pela Vera. Bernadete Vidal.
O SR. HERMES DUTRA: Sou grato a V.Exa. pelo
encaminhamento deste assunto, o que chancela ainda mais a nossa solicitação.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Foi um prazer, Vereador.
V.Exa. trouxe à cena algo extremamente importante que precisa ser atacado o
mais rápido possível.
Com a palavra, o Ver. Cleom Guatimozim em Comunicação de Líder.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o Ver. Getúlio Brizola, da nossa Bancada, já fez uma inicial, aqui,
do pensamento da Bancada do PDT, nesta Casa, a respeito do gravíssimo problema
do funcionalismo do nosso Estado. Eu lastimo que não esteja presente a Bancada
do PMDB. Deve ser por motivo de força maior. Nós respeitamos, inclusive, a
ausência do seu atuante Líder, Ver. Clóvis Brum, mas nós somos obrigados, mesmo
na ausência da Bancada do PMDB, a dizer que o PDT está solidário com o
funcionalismo, que tem direito aos 99% de aumento por compromissos assumidos
anteriormente, por leis aprovadas pela Assembléia, que o atual Governador
deseja desrespeitar. Nós estamos solidários com a posição da Magistratura e do
Ministério Público, pois a Magistratura e o Ministério Público têm que ser
preservados acima de tudo. São os nossos Juízes, os nossos Promotores, que têm
que ter independência para julgar. Os nossos Promotores de Justiça têm que ter
independência para oferecer denúncia para defender a sociedade. Pois estão
sendo acusados de receberem polpudos vencimentos, quando nós sabemos que estes
homens que têm a grande responsabilidade de julgar aqueles que ofendem a
sociedade estão com o vencimento do passado. Eles não podem exercer outras
atividades. Por isso têm que ganhar muito bem. Eles têm que ser independentes
na sua decisão e na sua missão de julgar, e os Promotores, na de defender a
sociedade através de pronunciamento. Esta aí a Justiça em difícil situação. Os
técnicos-científicos do Estado, que tinham os 90% garantidos por lei anterior,
estão sendo, agora, atingidos diretamente pelas medidas do Governador e por sua
equipe, equipe esta que já chamei de horóscopo. Aquelas fotografias que saem no
jornal são umas caretas. Nada em favor do funcionalismo, sempre contra. É um
mau horóscopo do funcionalismo e, até, nada simpático - eu não sei se pela
missão que têm de acusar o funcionalismo da desgraça do Estado, quando sabemos
que não é.
Vejam o Magistério: 20%. Mas e as conquistas dadas anteriormente, não
agora, que estavam garantidas? Inclusive - lembra o Ver. Artur Zanella - pelo
PMDB. Vejam o choque que está ocorrendo: a própria Assembléia Legislativa, onde
a presidência é do partido do Governador Pedro Simon, cedeu suas dependências
para uma assembléia do funcionalismo. Quer dizer: é coisa de louco, não dá para
entender.
Ainda hoje vimos uma fotografia do Governador com a cúpula da Polícia
Civil. Dizem que S. Exa. quer melhorar a imagem da Polícia. E sabe como? Não
dando as vantagens que a Polícia e que a nossa Brigada Militar têm direito.
Esta missão não é fácil. Esta missão de tornar efetiva as garantias
individuais, de defender a sociedade, de madrugada, com revólver na mão, é de
alto risco de vida, e os Senhores podem verificar que aqueles que atentam
contra a sociedade começam um tipo de assalto e, de repente, aparecem os
responsáveis atrás das grades, presos pela Polícia Civil ou pela Brigada
Militar. Um risco de vida violentíssimo! Mas o Governador quer melhorar a imagem
da Polícia Civil e da Brigada Militar não dando aquilo a Polícia tem direito,
não dando aquilo a que a Brigada tem direito. Vejam, por exemplo, que, hoje, o
Delegado Antônio Soares de Moura, Chefe de Polícia, um experiente policial, um
policial que tem condições de assessorar o Sr. Governador Pedro Simon, pela sua
capacidade e experiência, está pousando para a foto em busca de melhores
condições para seus comandados. Mas a informação não é boa. Primeiro, o
Governador deseja legalizar o jogo do bicho: tudo bem, uns contra outros a
favor. Não vai melhorar a imagem da Polícia a legalização do jogo do bicho. Vai
melhorar a imagem da Polícia o pagamento dos salários a que tem direito, e
direito adquirido com votos da Bancada do PMDB. Então, nós, do PDT, estamos
solidários, mesmo porque a nossa administração municipal, que tem sido acusada
de socialismo moreno, de forma pejorativa, por alguns Vereadores, deverá ser
reconhecida como uma das prefeituras - poucas - que pagam em dia os vencimentos
do funcionalismo. Foi o Prefeito Alceu Collares o único que deu 37% de aumento,
quando o Governo Federal deu 20, quando o Governo Estadual não paga, atrasa -
tudo aquilo que os funcionários têm, os direitos e as vantagens. Então, quando
se pronunciar “socialismo moreno” como um socialismo diferente do socialismo
europeu, até pelas tradições do nosso País, deve ser pronunciado de outra
forma: a PMPA está pagando em dia seus funcionários e deu-lhes 37% de aumento.
Se é pouco, muito pouco? É muito mais do que deram as prefeituras de todo esse
País, algumas das quais estão com vencimentos atrasados há cinco meses.
Cantavam, hoje, pela manhã, os funcionários públicos estaduais a música da
Marquês de Sapucaí, “Ti-ti-ti, que ti-ti-ti é esse que está no Piratini”.
Embora seja uma crítica do funcionalismo que, hoje, desfilava frente ao
Palácio, devemos exatamente raciocinar sobre isto: o que aconteceu àquelas
idéias do Sen. Pedro Simon? O que aconteceu à idéia da equipe de esquerda que
forma parte de seu Secretariado, que deveria estar ao lado do funcionalismo,
que deveria reivindicar pelo funcionalismo, que deveria se opor a essas medidas
em prestação (não sei se é pela origem do Governador que querem pagar em
prestação)? Mas pagar em prestação o vencimento do funcionalismo? Desacreditar
mais o funcionalismo do que está? E que tristeza quando se abrem os jornais e
se vê o funcionário público, no entendimento da administração estadual,
responsável pela desgraça do Estado! E nós sabemos que não é. O Governador,
quando se candidatou, não sabia que o Estado estava nesta situação falimentar?
Sabia. E já o famoso conselheiro português dizia “quem não tem competência que
não se estabeleça”. E sem competência o Governador se estabeleceu. E não está
tendo competência para administrar a crise. Agride diariamente o funcionalismo.
Eu não vejo plano de governo do Sr. Pedro Simon. O que ele diz sobre os
problemas da agricultura? Sobre o desnivelamento social? Ele só trata do
funcionalismo, colocando-o numa situação degradante. Aproveitou a onda dos marajás
e apelidou quem ganha 40 mil cruzados de marajá. E, para tapar este sol forte
com uma peneira furada, nós temos, também aqui, marajás. E o Governador e sua
equipe em cima, violentamente, do funcionalismo! E estão levando o
funcionalismo a este nível de chegar a desfilar nas ruas, as professoras a
baterem sinetas na frente do Palácio Piratini. Por que o Governador agora não
diz o que ele dizia antes? Por que não faz o que pregava antes? A equipe é
muito homogênea! Como o PMDB se transformou numa aglutinação de inúmeros
partidos, há, naturalmente e compreensivelmente, inúmeras ideologias ali
dentro. Reclamo daqueles que, em cada cinco discursos na Assembléia, três eram
a favor do funcionalismo. Pois estes não estão fazendo nada pelo funcionalismo.
A Bancada do PDT já se manifestou na Assembléia e hoje está-se
manifestando aqui, dizendo que estamos de acordo com o funcionalismo. Estamos
reivindicando os 99% que o funcionalismo já conquistou e que o Sr. Governador
não tem e não pode, por hipótese alguma, negar porque é direito adquirido, e a
lei não pode prejudicar o direito adquirido. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Com a palavra, o Ver. Frederico Barbosa em Comunicações.
(Manifestação na galeria.)
A SRA. PRESIDENTE: Pediríamos às pessoas que
se encontram nas galerias que não se manifestassem para assegurar o bom
andamento dos trabalhos.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, o ilustre Ver. Getúlio Brizola fez uma série de mimoseios ao
Governador Pedro Simon, que não é do meu partido. E, entre as suas afirmações,
disse que o Prefeito Alceu de Deus Collares não estava em dívida com o
funcionalismo. Pois gostaria de fazer este pronunciamento com o gancho deixado
pelo ilustrado Ver. Getúlio Brizola.
Na verdade, acho que o Prefeito Alceu de Deus Collares, como diz o Ver.
Getúlio Brizola, não está devendo ao funcionalismo municipal. Está devendo,
isso sim, à população de Porto Alegre. Sem demérito ao funcionalismo municipal,
acho que é muito mais grave, porque atinge à totalidade da população de Porto
Alegre, população essa da qual ele é o Prefeito eleito por sua esmagadora
maioria.
Ontem, um cidadão me dizia, a respeito dessa brilhante e colorida
pública ação do Prefeito Collares, que este era um folheto que, resumindo, esta
indo para a casa do contribuinte. Por sinal, Ver. Cleom Guatimozim, V.Exa., tão
cioso das funções de Líder do Governo, poderia dizer que, postado no dia 7,
chegando no dia 8, fica invalidado o convite que está chegando à casa do
contribuinte, pelo menos o que vi, carimbado pelo Correio no dia 7. Havia um
convite para que comparecessem à Prefeitura Municipal entre os dias 20 e 26 do
mês passado. Foi realmente, postado no dia 7. Vai ficar extremamente difícil, a
não ser que se mande outro dizendo que se prorrogou a exposição para o qual o
convite foi até as residências.
Mas, dizia em, este contribuinte recebeu em casa - postado no dia 7,
recebido no dia 8 - o convite para o dia 26. O prazo limite é do dia 26 do mês
passado. É um desfilar de projetos. Como o Prefeito Alceu Collares - ele e seus
representantes - fez uma série de críticas aos governos anteriores, parece que
ele está extremamente disposto a fazer uma monumental lista de projetos para
deixar ao seu substituto, deixando consagrada a sua administração em termos de
projetos, deixando que seu substituto, daqui a pouco mais de 15 meses, faça
alguma coisa. Porque nestes 15 meses, com esse manancial de projetos que aí
estão sem realização, parece que ainda está o Prefeito em dívida consigo mesmo.
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V.Exa. deve estar surpreso diante do grande número de
projetos viáveis da Administração Alceu Collares, porque o governo a que V.Exa.
serviu até há um ano atrás não tinha projeto nenhum. Então, deve causar
surpresa a V.Exa. o fato de o Prefeito Municipal de Porto Alegre ter projetos e
tentar implantá-los na Cidade.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sou grato pelo aparte de
V.Exa. Vou lembrar um projeto do governo passado, um só, e falta pouco para que
o Prefeito fique sabendo, porque a população toda sabe: o projeto do Centro da
Cidade é o que ficou na gaveta do Prefeito João Antônio Dib. Que me desmintam e
tragam qualquer documento que desminta! A garagem, que este Vereador se debateu
para que não fosse feita pelo Prefeito João Dib, do lado esquerdo de quem olha
o Mercado passou para o lado direito. Uma era para o estacionamento de
automóveis particulares e a outra para ônibus. O resto é exatamente o mesmo.
O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu queria dizer que é uma injustiça do Prefeito
Collares, que diversas vezes tem referido que não recebeu projetos, a não ser o
do Porto Seco ou um outro. Ele recebeu diversos. Lá no DEMHAB nenhum projeto
novo foi implantado. Os apartamentos que foram entregues estavam prontos antes.
Não foi entregue uma casa, um apartamento no decorrer do tempo em que o Dr.
Petrarco lá esteve. Os financiamentos foram autorizados por esta Casa. O
Projeto Pró-Gente, todos os projetos estavam prontos, sem contar que, além do
projeto, havia o compromisso, não de uma administração, mas da Prefeitura, de
que, quando se fizesse a duplicação da Av. Sertório, o projeto da ciclovia,
apresentado por V.Exa., seria implantado. Mas, infelizmente, não o foi. O corpo
técnico é praticamente o mesmo, e é uma injustiça que S.Exa. lhe faz.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Antes de passar a palavra ao Ver. Clóvis Brum, eu vou mostrar
o cartão de Natal do Prefeito. Na segunda coluna, existem dois projetos
extremamente novos, bolados por esta administração: Porto Seco e Rio Guaíba.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Este cartão de Natal é do ex-Prefeito Socias Villela?
O SR. FREDERICO BARBOSA: Não. Aqui está o logotipo
da Administração Collares. Projeto Porto Seco e Projeto Rio Guaíba e tantos
outros, entre os quais a mudança desta Câmara. Aqui eu louvo o Prefeito, que
nos ajudou muito.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu gostaria que o Ver. Kenny Braga, inteligente, um
atilado Vereador, que deve falar logo após o seu pronunciamento, pudesse falar
sobre estes projetos do Executivo, porque eu não lembro, sinceramente, ter
recebido projeto novo. Eu não me lembro. Mas eu gostaria que o Vereador pudesse
falar sobre isso, porque dizer que há projetos e não provar, também não! Agora,
o único projeto que eu sei que anda por aí, sobre esta história da Casa da
Criança, é o meu Substitutivo. Ele mandou para cá para vender terreno e para
aplicar em não sei mais o quê, e eu apresentei o Substitutivo, implantando a
Casa da Criança.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Vou encerrar o meu
pronunciamento praticamente sem iniciá-lo, mas V.Exas. o ilustraram e honraram
com seus apartes, ajudando-me a discorrer sobre essa lembrança ao Prefeito.
Ele, durante todo o ano de 1986, fez um “cavalo de batalha” na cidade de Porto
Alegre com um projeto chamado Secretaria Municipal de Cultura. Nomeou o
Vice-Prefeito e marcou a data para o coquetel, a ser realizado no dia 1º de
maio, Dia do Trabalhador, e, brevemente, vamos comemorar um ano. Aí, esta Casa
lembrou ao Prefeito que, para empossar no dia 1º de maio, o Projeto teria, pelo
menos, que passar por aqui, rapidamente, e ser aprovado. Aí o Prefeito desmarcou,
a Casa autorizou umas salas, que ainda bem que já estão sendo usadas (o
Vice-Prefeito está acomodado - e nada em detrimento deste, pois não tenho nada
que ver com as brigas internas entre eles), e a Secretaria voltou. Foi um
verdadeiro “puxa daqui e emenda dali” e, na hora de votar, o Prefeito retirou o
Projeto e silenciou para a população. Mas silenciou depois de o Ver. Isaac
Ainhorn, meu particular amigo, no dia 26 de outubro, dizer que pedia apoio para
a Secretaria de Cultura - com foto e tudo, no Jornal do Comércio. Na Zero
Hora, com foto e tudo, no dia 8, dizia que a Secretaria de Cultura deveria
voltar urgente ao debate. Numa verdadeira passagem pelos jornais, a terceira
foi no Jornal do Comércio: “Vereador
quer urgente a criação da Secretaria de Cultura”. Aí, este Vereador apresentou
um pedido de urgência ao Projeto, e foi “um Deus nos acuda”. Retirei-o para não
criar problemas internos na Bancada do PDT, que já tem as suas divisões e mais
alas que as escolas que o Ver. Artur Zanella, em breve, irá homenagear aqui com
uma Sessão Solene aos vencedores do carnaval. Então eu o retirei. E então sumiu
do mapa um ano de “cavalo de batalha”! Disse horrores desta Câmara porque esta
não queria aprovar. E retaliava, fazia e acontecia. Sumiu.
Concluo, sugerindo que, estando, hoje, em 9 de abril, quem sabe, o
Prefeito, para poder colocar este Projeto em seu cartão de Natal deste ano,
pudesse começar a reativar no papel. Já não digo a Secretaria, o que será
difícil, mas o papel para colocar no cartão de Natal deste ano, o que já seria
uma grande coisa, que ficaria para o futuro prefeito de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
O próximo inscrito, Ver. Ennio Terra, cede o seu tempo ao Ver. Kenny Braga.
O SR. KENNY BRAGA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, este casamento que se estabelece aqui na Câmara, entre o PFL e o
PMDB, eu já conheço muito bem a nível nacional. É um casamento que está levando
o País ao desastre total. O Ver. Frederico Barbosa serviu a um partido que
mandou durante 20 anos nesta Cidade. Um partido sem voto, sem respaldo popular,
que durante 20 anos não conseguiu modificar a fisionomia de Porto Alegre.
Agora, espantosamente, vem à tribuna cobrar da administração trabalhista de
Porto Alegre o que seu partido não conseguiu fazer durante 20 anos. Não disse,
por exemplo, que o Porto Seco era um projeto morto quando o Sr. Alceu Collares
assumiu a Prefeitura de Porto Alegre. Era um projeto desmantelado e a ação
eficaz, competente da administração municipal é que está viabilizando a
implantação do Porto Seco. São afirmações capengas e que, por isso mesmo, não
devem ser levadas a sério por quem está ouvindo. Está estampado no jornal Zero Hora de hoje a notícia com o
seguinte título (Lê.): “Coronel denuncia golpe em andamento”. Quem é esse
coronel? Certamente arrependido pelos males que os seus colegas de farda
fizeram em 21 anos de regime militar? É o Coronel da Reserva Joaquim Leite de
Almeida que está denunciando a elaboração diabólica de um golpe de direita
contra as instituições democráticas do País. A denúncia chega a uma variedade
tão grande de detalhes que, no mínimo, deve chamar a atenção de quem
sinceramente está interessado no futuro deste País. O líder do golpe, segundo a
notícia estampada em Zero Hora seria o General Otávio Medeiros,
apoiado por outros militares graduados e civis que desejam implantar uma
política de arrocho salarial e de submissão aos ditames do Fundo Monetário
Internacional.
Realmente, trata-se de uma denúncia gravíssima e deve merecer a atenção
de todos os Vereadores desta Casa acima das siglas partidárias e disputas
eventuais. Se a denúncia é verdadeira, os líderes do movimento golpista não
podem continuar agindo com tamanha e surpreendente liberdade e, se a notícia não
for verdadeira, o seu autor deve ser punido por estar espalhando notícias
alarmistas e alarmantes. Eu vou esperar a reação do Governo, do PMDB, do PFL,
diante do que está estampado nos jornais na esperança de que esta notícia não
seja verdadeira. Em todo caso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu estou
preocupado com a escalada de agressões contra a nossa incipiente democracia e
contra as instituições parlamentares neste País, agressões que, infelizmente,
Ver. Clóvis Brum, não partem somente dos inimigos da democracia, mas que são
feitas, inclusive, por integrantes do Congresso Nacional, das Assembléias
Legislativas e Câmara de Vereadores. No afã desesperado de aparecer a qualquer
custo, investem irresponsavelmente contra os próprios colegas, colocando-se na
posição de vestais da moralidade pública e de todas as virtudes humanas. São
políticos que fazem carreira em cima do desprestígio, do desgaste e do
achincalhe do Parlamento. São políticos que, embora não digam, estão saudosos
da ditadura com todo o seu cortejo de atentados, violências contra as
liberdades públicas. E a felicidade da maioria, Ver. Clóvis Brum, da maioria do
povo brasileiro que não deseja a repressão e a violência... A impressão que
eles me dão é de que desejam aparecer como exemplos de dignidade, de honradez e
de decência. Peço a atenção desta Casa para o comportamento de falsos
vigilantes da moralidade pública administrativa, que estão a serviço de grupos
que desejam, novamente, implantar a ditadura neste País. É verdade que existem
políticos desvinculados dos padrões de moralidade e decência. Mas isto acontece
em todas as profissões e em todas as classes sociais. Não será pelas faltas de
uma minoria de políticos que se haverá de desprestigiar e desmoralizar as
instituições parlamentares do País. Nota zero, portanto, para o trabalho
pernicioso e daninho de políticos medíocres, que crescem à sombra de ações
deletérias, contra o Congresso Nacional, contra as Assembléias Legislativas e
contra as Câmaras Municipais. Eles precisam entender, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, que, se a ditadura voltar, com todo o seu cortejo de misérias e
iniqüidades, eles também serão engolidos pela voragem do arbítrio, da
prepotência, da ignorância e da crueldade. Eles precisam entender que é melhor
um Congresso, uma Câmara, uma Assembléia Legislativa e uma Câmara Municipal,
com todos os seus defeitos, do que o silêncio de cemitério da ditadura. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o Ver. Clóvis
Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, as ofensas feitas pelo Governador Brizola ao Governador Pedro Simon
são decorrentes, evidentemente, da luta que o mesmo faz em termos de
auto-afirmação. Mas não é por aí que vamos encontrar o caminho para os
problemas sociais.
Com referência ao pronunciamento do Ver. Cleom Guatimozim, devo dizer
que, efetivamente, S.Exa. também tenta defender aquilo que ele nunca defendeu,
e eu faço das palavras de uma pessoa das galerias as minhas palavras: seria bom
que esta preocupação do Ver. Cleom Guatimozim começasse a bater às portas da
administração do PDT, no Rio de Janeiro, sem, evidentemente, entrar no caso
BANERJ.
Com referência ao Projeto Rio Guaíba ao Projeto Porto Seco, Ver. Kenny
Braga, devo dizer a V.Exa. que nunca lhes fui muito simpático. Na verdade, este
Projeto Porto Seco beneficia os transportadores de carga que já se habilitaram,
já devem ter comprado área no Porto Seco com toda a infra-estrutura, mas os
seus depósitos, as suas instalações e as suas transportadoras continuam
infernizando o 4º Distrito. Compraram área barata no Porto Seco a preço de
banana e continuam com seus caminhões mutilando a rede pluvial, cloacal, de
água e calçamento no 4º Distrito.
Não creio que existam condições para golpe militar. Primeiro, porque
acredito na liderança do general Leônidas na área militar. Recentemente, o
Ministro da Aeronáutica e o próprio Ministro da Marinha também se manifestaram
a respeito das greves, dizendo que elas eram normais nos países democráticos.
E, realmente, elas o são. No entanto, não levo fé e não acredito na ação do
Gen. Otávio Medeiros. Este, realmente, não leva a minha confiança, e espero que
o Gen. Leônidas esteja de olho em cima dele. E falo como Líder do PMDB e em
nome pessoal. Mas não creio que os Otávios Medeiros tenham, agora, condições de
fazer golpe num País cujas instituições democráticas estão-se alicerçando
seriamente e a esmagadora maioria das Forças Armadas, compreendendo a gravidade
do momento em que vivemos, estão a respaldar o processo democrático e estão
fielmente impregnadas na defesa da mais alta magistratura da Nação, ou seja, da
Presidência da República. Todas as Forças Armadas estão sob a égide do comando
do Presidente José Sarney e estão voltadas a consolidar o processo democrático
no País. Não vejo clima para golpe. Deve ser preocupação em demasia desse
Coronel. Acho que não me restaria outra alternativa senão a de me somar
integralmente ao final do pronunciamento de V.Exa., Ver. Kenny Braga, quando
aborda com precisão, e já teve a coragem de denunciar nesta Casa, a reação da
extrema direita sendo comandada pelo Presidente da FEDERASUL numa patética
intervenção sobre a nossa soberania nacional, dizendo o Sr. César Rogério
Valente que não sabia o porquê dessa preocupação dos setores democráticos em
torno da soberania nacional. Pois bem: quem não ama a sua Pátria, quem não quer
a soberania da sua Pátria, quem não luta pela independência da sua Pátria, quem
não vive pela liberdade da sua Pátria está vivendo em vão, e acredito que o Sr.
César Rogério Valente prestaria melhor serviço se estivesse assessorando o FMI
lá dos Estados Unidos e não daqui de Porto Alegre. De sorte que essas vozes
negras, doentias e - daria até o laudo - tuberculosas, que se levantam nos
parlamentos para denegrir o processo democrático, não vão se alimentar da água
dada pelo povo para alimentar esse processo. O povo sabe o que quer e os
políticos também sabem o que querem. Essas vozes são verdadeiros párias da
sociedade; essas vozes não terão qualquer alternância, ou prerrogativas, ou
credibilidade perante a opinião pública. Um parlamento a nível de Câmara, a
nível de Assembléia Legislativa e de Congresso Nacional está perfeitamente
sintonizado com as aspirações do povo brasileiro no aperfeiçoamento do processo
democrático resgatado com muita luta e com muito sacrifício por esse mesmo
povo, e que haverá de se consolidar, Vera. Teresinha Irigaray, também vítima
desse mesmo processo de violência que assolou este País há muitos anos, mas que
não voltará a preço algum. A democracia haverá de prevalecer sobre essas vozes
doentias. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
convoco os Srs. Vereadores para as Reuniões das Comissões Permanentes, a
seguir, e para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.
Estão
levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 15h45min.)
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